domingo, 15 de abril de 2007

Ensino de 9 anos gera polêmica

Opinião pessoal Federalista

Bato sempre na mesma tecla e continuo insistindo que os maiores causadores desses impasses são o centralismo e o intervencionismo.

Leis são criadas, determinações e procedimentos são impostos e prazos para implantação e adaptação são cobrados por teóricos e burocratas encastelados em seus gabinetes e, geralmente alheios à realidade do dia-a-dia das instituições que suas determinações afetarão.

Dos 400 municípios paranaenses, 391 não tem condições de atender a mais esse delírio governamental, que impõe a lei mas não provê salas de aula, nem professores e nem material didático para atender a esse novo contingente de alunos mágicamente criado por uma canetada, e que farão parte das maravilhosas estatísticas usadas nas próximas eleições.

Fosse o Brasil uma República Federativa de fato e os impostos municipais fossem usados no próprio município, as escolas seriam geridas pelas comunidades em que atuam e administradas pelos educadores, e esses sim, conhecedores da realidade da sua comunidade e da competência e desenvolvimento de seus alunos, decidiriam em que série a criança poderia ser matriculada, além de serem esses administradores e a comunidade local responsáveis pelo provimento de salas e professores. Pelo menos os pais, pagadores de impostos, teriam a quem recorrer, teriam de quem cobrar e de quem reclamar.

As imposições centralizadas são, via de regra, prejudiciais para a maioria da população já que não reconhecem as diferentes características regionais de cultura e nem de desenvolvimento local, tendendo sempre ao socialismo que nivela tudo por baixo, ou seja: neste caso, uma criança com potencial elevado que foi bem educado no seio de sua família terá que, obrigatóriamente, ser puxado para baixo e terá seu potencial aniquilado em infindáveis 'aulas' de picar e rabiscar papel, só porque não completou 6 anos no prazo estipulado pelo 'caneteador' de plantão, ao invés de ter sua genialidade desenvolvida e aproveitada para, quem sabe, termos nosso primeiro Prêmio Nobel. (É verdade! Vergonhosamente não temos nenhum desses prêmios, mas, com notícias como essa abaixo, podemos entender porque.)

Neste ponto chega-se a mais um elemento totalmente esquecido e desconsiderado pelo sistema centralizador e interventor: a família. Simplesmente não se leva em conta a existência desse ente formador da sociedade e célula-mater de qualquer comunidade, chegando-se ao cúmulo de dizer, como na matéria abaixo, que é na escola que a criança 'deve brincar, desenvolver a linguagem e amadurecer sentimentos'. Parece-me que isso acontece em casa, devendo ser a escola um apêndice que agrega novos valores àqueles adquiridos no lar, e não o contrário.

GermanoCWB

Leia agora a matéria extraída do jornal O Estado do Paraná

Ensino de nove anos gera polêmica

Mara Andrich [15/04/2007]


Fábio Alexandre
ensinonoveanos


O impasse gerado nas escolas a respeito do ensino fundamental de nove anos está longe de ter fim. Um dos maiores problemas é que, por conta da dificuldade de adaptação, escolas públicas de pelo menos 391 municípios do Paraná não estão cumprindo a nova lei, que prevê que todas as crianças que completassem seis anos até o dia 3 de março de 2007 deveriam ser matriculadas no primeiro ano do ensino de 9 anos.


De acordo com o Conselho Estadual de Educação, as principais reclamações são que não há professores e nem salas de aula, tão pouco conteúdos para adaptação tão rápida. A lei prevê ainda que os estudantes que completassem seis anos depois de 3 de março deveriam ir ao jardim três somente no ano que vem.


A decisão das escolas é amparada em uma liminar conseguida na Justiça pelo Ministério Público Estadual (MP) no dia 7 de março desse ano.


A medida autorizou que as escolas do Paraná matriculassem os alunos que fizessem seis anos de idade no decorrer do ano letivo na primeira série, independente do mês em que completem essa idade. Exemplificando, com este corte etário, uma criança que completasse seis anos no dia 10 de março, por exemplo, não teria que fazer novamente o Jardim Três por conta de apenas oito dias. Porém, o Conselho Estadual de Educação discorda. O presidente do conselho, Romeu de Miranda, afirmou que não há como ignorar a lei. “Estou convicto de que a lei é clara: a criança deve entrar no primeiro ano com seis anos. Eu não entendo porque só aqui no Paraná é que está ocorrendo essa outra interpretação”, reclama. Miranda lembrou ainda que não é só a questão do corte etário que preocupa. Ele explicou que a freqüência das crianças nas escolas também pode ser prejudicada com a polêmica. “Se elas entrarem na escola em abril, por exemplo, não conseguirão ter os 75% de presença até o final do ano letivo”, criticou.


Em meio à polêmica, a Secretaria Municipal de Educação informou que prefere aguardar as decisões da Justiça, do MP e do conselho para se manifestar sobre o assunto. Já a chefe do Departamento de Infra-Estrutura da Secretaria Estadual de Educação (Seed), Ana Lúcia Albuquerque, confirmou as reclamações dos municípios, porém informou que todos eles estão sendo orientados a se manifestar na Justiça. “A nossa expectativa é que o Conselho Estadual encontre a melhor maneira de atender a todos e que os juízes tomem decisões levando em conta o que é melhor para os estudantes”, ressaltou.


No próximo dia 18, o Conselho Nacional de Educação vai entrar na discussão do Paraná sobre a dificuldade de adaptação desses 391 municípios. O conselho já entrou com pedido da suspensão da liminar conseguida pela MP na 1.ª Vara da Fazenda Pública e também aguarda decisão sobre agravo de instrumento, protocolado na mesma vara.


Educadores vêem mudança com bons olhos


O ensino fundamental de nove anos é visto com bons olhos pelos educadores, porém, eles afirmam que a adaptação, principalmente no que diz respeito aos novos conteúdos, deve ser avaliada de maneira especial.


A pedagoga especialista em Psicopedagogia e mestre em Educação, Maria Silvia Bacila Winkeler, avaliou que o ensino de nove anos é importante na medida em que mantém as crianças mais tempo na escola. Porém, ela ressaltou que a única desvantagem que pode haver é o período de transição, aquele em que se avalia em qual nível a criança deverá ser matriculada e também no qual os educadores vão entender o que a nova lei propõe.


Para a especialista, a criança deve ser o foco principal em todo esse processo. “O caminho mais correto é pensar na proposta que você vai fazer para essa criança, tenho que ver que ela não tem sete anos, tem seis, e que isso influencia muito na sua vida”, avaliou.


Para a secretária de Assuntos Educacionais da APP-Sindicato (Sindicato dos Trabalhadores da Educação do Paraná), Marlei Fernandes, a lei que prevê o ensino de nove anos é “um avanço para os alunos”. Na sua avaliação, não há desvantagens na nova normatização. Porém, Marlei compartilha da opinião de Maria Silvia, e avalia que discutir o currículo é fundamental.


“Entendemos que o ensino fundamental é na idade da infância, quando ela está desenvolvendo o processo de alfabetização. Mas o mais importante é você estar mais tempo na escola”, complementou. A APP prefere não se posicionar a respeito do corte etário, principal motivo das brigas judiciais.


Parecer da Justiça beneficia escolas particulares


Além da vitória do Ministério Público Estadual (MP), 30 escolas particulares de Curitiba também conseguiram parecer favorável na Justiça com relação ao ensino de nove anos. As escolas exigiam que elas mesmas tivessem autonomia em transferir o aluno, independente da idade, para determinado nível.


O presidente do Sindicato das Escolas Particulares do Paraná, José Caron Júnior, disse que a categoria concorda com o ensino de nove anos na medida em que ele mantém o aluno mais tempo em sala de aula, porém, não aceita que seja imposta a idade de matrícula. “Não são teóricos que têm que decidir isso, são os educadores que acompanham este aluno”, critica.


Os professores das escolas particulares também criticam que o conteúdo do jardim três seja diferente da chamada primeira série do novo ensino.


Segundo Caron, a categoria quer que o conteúdo do jardim três seja o mesmo daquele do primeiro ano. Já na avaliação do presidente do Conselho Estadual de Educação, Romeu de Miranda, isso seria um contra-senso. “O jardim da infância serve para a criança brincar, amadurecer sua linguagem e desenvolver seus sentimentos. O conteúdo é outra coisa diferente, se refere à matemática, história, etc”, argumenta.

7 comentários:

Giani Marques de Almeida disse...

Sou Professora do ensino fundamental e coordenadora pedagógica e na minha opinião eles estão querendo impor algo que não acredito ser a solução para os problemas da educação em nosso país. Esquecem de que a família deveria opinar sobre esta questão e não somente alguns para decidir a vida escolar de nossos filhos. Não sabem o que é uma criança em sala de aula e acabam criando leis sem saberem se é o melhor para as crianças. Gostaria de falar um pouco como coodenadora que sou, não dão subsídios nenhum para toda a mudança pedagógica e exigem nova proposta pedagógica etc... não isso um abuso e uma falta de consideração com os profissionais da área.

Robert disse...

Em Telêmaco Borba Querem retroceder todos os alunos que fazem o último ano da Pré Escola(equivalente ao 1º ano do Ensino de 9 anos)e matriculá-los novamente no 1º ano do Ensino de 9 anos.

Robert disse...

Em Telêmaco Borba Querem retroceder todos os alunos que fazem o último ano da Pré Escola(equivalente ao 1º ano do Ensino de 9 anos)e matriculá-los novamente no 1º ano do Ensino de 9 anos, em 2008.Quando deveriam ir direto para o 2º ano de 9 anos.
Se vier um aluno transferido no 2º ano de 9 anos em 2008, Em que série ele será matriculado, já que não se prevê 2º ano de 9 anos para 2008?

Alessandra disse...

A mesma coisa acontece em muitas escolas do Rio Grande do Sul - as crianças estão prestes a completar o jardim 3 e no ano que vem, 2008, deverão ir para o primeiro ano do ensino de 9 anos. Porém nosso agravante é o de não termos pelo que brigar judicialmente. Em suma: estamos num mato sem cachorro!

Eva Simone disse...

No meu municipio em Santa Catarina, iniciou-se os 9 anos neste ano de 2007, portanto no ano que vem como é gradativo terá 1º ano e 2º ano e se recebermos um aluno de 3º ano, em que série ele será matriculado?

Ana Paula disse...

Olá todos
Eu acredito que o ensino de nove anos foi criado com a inteção de melhorar nossa educação,mas muito tem que ser revisto,a questão da idade que está muito radical só com 6 anos completo, dá margens para se pensar que querem é enxugar as crianças nas escolas públicas.

Ana Paula disse...

Aqui em Araripina-PE e em outras cidades do Brasil muitas crianças não vão entrar no 1° ano porque vão completar 6anos poucos dias depois data marcada para o ingresso no ensini fundamental.Onde vão ficar essas crianças.....?

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