domingo, 22 de abril de 2007

Quando o protecionismo só atrapalha


Quando o protecionismo só atrapalha

(Texto extraído do jornal O Estado do Paraná)

Sylvia Romano [22/04/2007]

Uma pesquisa conduzida pelas universidades Harvard (EUA) e McGill (Canadá) aponta os Estados Unidos entre os piores países do mundo em relação a direitos trabalhistas e políticas para a família, como licença-maternidade, auxílio-doença, férias e descanso semanal remunerados. Embora o estudo tenha sido divulgado num momento em que as organizações sindicais tentam convencer o novo Congresso a reavaliar a legislação para ampliar tais direitos, sigo pela contramão desses interesses e questiono: Como é que a classe trabalhadora norte-americana consegue ser forte e auto-suficiente e, em contrapartida, por que em países como o Brasil, a classe operária é tão sofrida, principalmente em termos financeiros?


Graças às reivindicações sindicais e a posturas protecionistas da esquerda, o funcionário brasileiro é um dos mais privilegiados em termos de benefícios, pois conta com 13.º salário, férias de 30 dias, vale-transporte, vale-refeição, licença-maternidade, planos de saúde e de aposentadoria, cestas básicas e por ai afora. Mas mesmo assim, continua vivendo e se alimentando mal, sofrendo com a falta de bons serviços de saúde, sem estabilidade no emprego e sem a segurança de que conseguirá outro caso perca o que tem e, finalmente, quando se aposenta recebe miseravelmente.


Tão protegido que é por leis rígidas, este trabalhador não percebe o quão mal remunerado é. Ele se contenta com migalhas eleitoreiras, que lhe dão a falsa impressão de segurança e que atestam a sua incapacidade de gerar a sua própria vida. Será que não seria hora de nos conscientizarmos que o número exacerbado de direitos trabalhistas engessa o Brasil, impedindo o seu desenvolvimento e, ainda, a geração de mais empregos para a população?


Não há dúvidas de que a informalidade está cada vez maior em função das inúmeras garantias legais previstas aos empregados – o que torna a mão-de-obra caríssima – e dos onerosos encargos e burocracias impostas aos empregadores, fazendo com que um trabalhador custe quase o dobro de seu salário. Não estou falando em nome de grandes empresários, pois são os pequenos os verdadeiramente penalizados, já que não conseguem conceder um salário compatível com a função dos seus funcionários, nem tirar para si uma quantia razoável fruto do seu trabalho suado. Ou seja, nada mais justo seria para essas duas partes terem reconhecido o seu valor.


Tempos atrás, conversando com um profissional de RH, este defendia veementemente todas aquelas benesses concedidas e impostas por uma política oportunista, que impede que os nossos trabalhadores tenham o poder de escolha sobre o que fazer com o resultado do seu esforço diário. Segundo esse profissional, se as empresas não fornecessem todos aqueles benefícios, a família do trabalhador seria fortemente prejudicada, pois o mesmo gastaria seu salário com coisas supérfluas e deixaria de dar o sustento aos seus dependentes. Em outras palavras, o trabalhador é visto como um incapaz e, por isso, cabe à empresa definir o que o mesmo deverá fazer com o seu próprio dinheiro.


Percebe-se com essa política o porquê, em nossa sociedade, a classe média encontra-se hoje praticamente inexistente, numericamente falando. Em países como os Estados Unidos, o trabalhador ascendeu a classe média com todos os seus recursos, sem a interferência do Estado em relação ao que o mesmo deverá fazer com o que é seu de direito e, muito menos, sem a intermediação de empresas que vendem planos de saúde, cestas básicas, vales-transporte e outras “esmolas”.


Democracia pressupõe liberdade. Infelizmente essa postura escravagista permanece hoje em países terceiros mundistas, penalizando não somente o trabalhador, mas também o empregador, em prol de interesses de poucos, geralmente ligados ao próprio governo.


Sylvia Romano é advogada trabalhista, em São Paulo.


E-mail: sylviaromano@uol.com.br .

A saúde da garganta

Especialistas alertam para os vilões da voz

Redação O Estado do Paraná [22/04/2007]

Sintomas como rouquidão, pigarro e dor ao engolir devem ser dignos de mais atenção por parte dos brasileiros. O motivo é que, segundo os médicos, pouca gente dá importância a esses problemas de voz - geralmente associados a nódulos nas pregas vocais, inflamações ou até um câncer na laringe. Por isso, como parte das programações da Semana Nacional da Voz, médicos e fonoaudiólogos da Santa Casa de Curitiba e da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR) reuniram-se ontem, no Sesc Boqueirão, para prestar atendimento gratuito à população na detecção dessas possíveis doenças.


Os vilões da voz são quase sempre o uso excessivo e de forma inadequada, aliado ao consumo de substâncias como álcool e cigarro. “Setenta por cento das pessoas que trabalham no Brasil têm a voz como instrumento. Desses, 20% o fazem de forma intensa. Esse público deve ser alvo de preocupação constante com a saúde vocal”, alerta o otorrinolaringologista Fabiano Gavazzoni.


Mas os dados mostram que a precaução não tem sido prioridade, o que posiciona o País como segundo do mundo em casos de câncer de laringe. “A cada ano, 15 mil novos casos são registrados; mas, enquanto em países desenvolvidos a taxa de cura é de 95%, no Brasil cerca de oito mil pessoas morrem com a doença todos os anos, mais de 50% dos casos detectados”, cita o médico.


Se pego em fase pré-maligna, o câncer tem 100% de chances de cura; se em fase inicial, mais de 90%. “Mas, a partir daí, as chances vão ficando cada vez menores”, enfatiza.


Lentidão


Outro empecilho para a cura do câncer de laringe é a demora na obtenção do exame pelo Sistema Único de Saúde (SUS). O eletricista Clóvis Lima, que ontem submeteu-se a videolaringoscopia no Sesc, conta que há mais de três anos tentava agendar o exame no SUS. “Comecei a ter refluxo com oscilações na voz e dor para falar. Desde então, estou pedindo.” A oportunidade foi um alívio: “Graças a Deus não tenho nada, mas poderia ser uma doença grave”.

Twitter Delicious Facebook Digg Stumbleupon Favorites More

 
Design by Free WordPress Themes | Bloggerized by Lasantha - Premium Blogger Themes | Walgreens Printable Coupons