Opinião: É proibido reprovar, professora!JB Online: http://jb.com.br |
Ubiratan Iorio, economista Os professores da rede municipal desta cidade que já foi maravilhosa, doravante, não poderão mais reprovar os seus alunos! E, além da avaliação I (insuficiente), está também suprimido o conceito O (ótimo), pois, ao que parece, a Secretaria de Educação deseja evitar que se cristalize uma "elite" (palavra politicamente condenada), formada pelos melhores alunos...É o que reza a Resolução SME 946/2007, que dispõe sobre a avaliação escolar, publicada no Diário Oficial de 27 de abril. Este novo mandamento dos pedagogos de gabinete parece voltado, primeiro, a conter a evasão escolar que, segundo suas mentes privilegiadas, tende a aumentar com o "trauma" provocado pelas reprovações; segundo, claramente, a maquiar as estatísticas; terceiro, a segurar os alunos nas escolas, para que não fiquem perambulando pelas ruas à mercê do crime, já que seus responsáveis são irresponsáveis; e, finalmente, a dar o tiro de misericórdia na classe de privilegiados malvados formada pelos que exercem a missão de ensinar. Sim, privilegiados, porque nossos professores e professoras da rede municipal, a exemplo de seus colegas da rede estadual, ganham uma fortuna, trabalham poucas horas - o que os livra da canseira de terem de fazer a chamada "dupla regência" e de lecionar em mais de um colégio - dispõem de todos os equipamentos que a moderna tecnologia de ensino oferece, atuam em escolas em cujas cercanias nem de longe há risco de eclodirem tiroteios, são respeitados pelos educados discípulos, valorizados pela importância de sua profissão, têm todos os incentivos para se aperfeiçoarem em novos cursos e todas as motivações para permanecerem no magistério... E malvados, porque se comprazem em reprovar alunos e alunas dedicados, interessados e que buscam sempre aprender... Managgia! Será que nossas professoras não sabem que reprovar um aluno que mata aulas e que não estuda é um crime contra a "inclusão social"? E que têm por obrigação substituir muitos pais e mães ausentes, que depositam filhos no mundo sem se preocuparem em cuidar deles? Será possível que nossos mestres desconheçam que sua principal função não é ensinar, impor-se pelo saber e pelo respeito, mas evitar que seus alunos descambem para as estradas do tráfico e da marginalidade? Que, ao invés de ensinarem matemática, devem incentivar o uso de preservativos para os alunos? Que, em vez de ensinarem a ler, escrever e interpretar o português, sua obrigação é despertar "consciências ecológicas"? Que devem evitar lecionar a história como ela se deu e forjar-lhe o determinismo marxista, para formarem "engajados"? Ensinar a velha geografia? Não, o que importa é a "educação sexual"... Ciências? Ora, o relevante é a "consciência cidadã"... O decreto que proíbe as professoras de reprovarem é, ao mesmo tempo, um acinte a quem preza a educação, uma absoluta falta de respeito para com o professorado e uma demonstração de como a politização da educação - tão defendida pela esquerda - reflete-se na degradação de algo que já vem sendo sucessivamente degradado, tanto pelos governos como pela arrogância dos pedagogos. Comparar tal medida com o que acontece em países desenvolvidos, como fez o prefeito do Rio, é como confundir focinhos de porcos com tomadas, pois as condições culturais, econômicas, sociais e éticas dos alunos, bem como as condições de trabalho dos professores, são muito diferentes. A famosa "Mãe Joana" - tudo o indica - fixou residência definitivamente "neste país" infeliz, presidido por alguém que, de educação, entende tanto quanto os mosquitos da dengue de Física Quântica. Aos professores do Rio, heróis mais uma vez desautorizados e humilhados, minha solidariedade. E um humilde conselho: não fiquem calados diante de tanta falta de respeito: chamem os pais de seus alunos e perguntem a eles se é isto o que desejam para os seus filhos! Se for, lavem as mãos e aprovem todos, pois o futuro os reprovará com um baita zero! |